quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Psicologia: Reflexão e Crítica - Conceptualizing a developmental approach of the process of aging



Psicologia: Reflexão e Crítica - Conceptualizing a developmental approach of the process of aging





Algumas Ideias Conclusivas
Em primeiro lugar, a visão geral de que os indivíduos são produtos e produtores do seu próprio desenvolvimentoajuda-nos definitivamente a conceber a mudança ontogenética não apenas como um resultado mas também como um alvo intencional de acção humana, valorizando uma dimensão básica do desenvolvimento humano, ou seja, o facto de que o indivíduo desempenha um papel activo na construção do seu próprio desenvolvimento. A possibilidade de os indivíduos poderem seleccionar ou criar contextos com os quais possam "casar" os seus interesses e os seus potenciais de desenvolvimento caminha a par com uma atitude positiva e confiante face à vida e ao futuro, e toma a intencionalidade como uma dimensão indispensável para explicar o desenvolvimento psicológico e compreender o modo como as pessoas constroem as diversas fases do seu desenvolvimento pessoal ao longo do ciclo de vida.
Em segundo lugar, as noções aqui defendidas obrigam-nos a defender a existência de um desenvolvimento intencional – ideia central em todas as perspectivas teóricas que aqui analisámos – que assume uma preponderância especial durante períodos de transição (da adolescência para a vida adulta, desta para a velhice...), quando as tarefas desenvolvimentais relativas à (re)definição de um "eu" tornam-se preocupações centrais e mobilizam os recursos individuais de adaptação. Retomando a introdução deste texto, esta concepção apresenta, entre outras, a vantagem de permitir ultrapassar a antiga dicotomia "nature vs. nurture" relativa às causas do desenvolvimento humano, particularmente em termos do estabelecimento de uma prioridade causal entre as duas categorias quanto à maior ou menor importância de cada uma delas sobre o desenvolvimento. Com efeito, a consideração simultânea da possibilidade de se exercer controlo intencional sobre o desenvolvimento e da importância primordial da plasticidade humana na forma como essa intencionalidade age, reflecte bem a integração de dados provenientes da biologia e da cultura; se é verdade que a biologia estabelece normas que limitam os resultados desenvolvimentais possíveis, também é verdade que a cultura – quer a colocada à disposição do indivíduo, quer a criada por ele – pode compensar, em larga medida, lacunas em termos de especialização adaptativa.
Em terceiro lugar, é baseada nesta ligação entre acção pessoal e desenvolvimento humano que a consideração de processos de desenvolvimento intencional (materializados através de crenças, valores, objectivos, acções...), sujeitos a mudanças ao longo do ciclo de vida, deve levar-nos a analisar constantemente constructos diversos, como "tarefas de desenvolvimento", "objectivos desenvolvimentais" e outros. Assim, por exemplo, o desenvolvimento psicológico reveste-se de novos significados em resposta às tarefas de desenvolvimento com que os indivíduos se confrontam e aos papéis sociais que desempenham à medida que se movem na vida, sofrendo as ambições pessoais ajustamentos constantes face às alterações que ocorrem nos recursos disponíveis. A transição da idade adulta para a velhice constitui, de um ponto de vista desenvolvimental, um caso paradigmático da necessidade de serem efectuados ajustamentos desta natureza. O fenómeno de encurtamento de recursos (biológicos, materiais, sociais) que, tipicamente, acompanha o envelhecimento, pressiona o indivíduo a seleccionar objectivos e a rentabilizar os recursos funcionais ainda disponíveis no sentido da escolha e da criação de ambientes onde as suas capacidades e competências individuais possam ser utilizadas e expressas nos níveis mais elevados e diferenciados que for possível.
Finalmente, a análise conjunta das perspectivas que acabámos de analisar permite-nos constatar como, sob um ponto de vista desenvolvimental, questões importantes relativas quer ao processo, quer ao próprio significado do desenvolvimento psicológico, tiveram oportunidade de emergir e de fazer da ciência desenvolvimental (Bornstein & Lamb, 2005; Lerner, 2006) uma área de estudo e de pesquisa que aproxima diferentes correntes de pensamento, da biologia à psicologia e desta à antropologia e à sociologia. Esta aproximação tem-se revelado extremamente útil na procura de respostas para alguns temas relevantes no estudo do desenvolvimento humano. Ao encarar o desenvolvimento como um fenómeno biopsicossocial, que envolve e incorpora níveis de organização muito diversos entre si, da biologia (Gottlieb, Wahlsten & Lickliter, 2006) e genética (Overton, 2003) às dinâmicas histórica e sociocultural (Elder & Shanahan, 2006), o paradigma contextualista assume-se como uma importante base teórica e metodológica para a descrição e, sobretudo, para a explicação da variabilidade inter-individual e da plasticidade intra-individual ao longo da vida humana.

Como o próprio Baltes afirma (Baltes, Staudinger & Lindenberger, 1999), o futuro da Psicologia Desenvolvimental dependerá, em larga medida, do modo como as ideias teóricas e empíricas que a visão desenvolvimental do ser humano encerra se revelarem úteis não só para o campo da psicologia do desenvolvimento, mas também para outras especialidades da ciência psicológica, como a Psicologia Clínica, a Psicologia Social, a Psicologia da Saúde e a Psicologia da Personalidade.

Retirado DAQUI

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