segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Macacos e Pombos

No passado dia 19, por intermédio do CRIA, a Usina[1] esteve na nossa Escola (entidade que financiou a sua vinda) para a apresentação de um espetáculo denominado Macacos e Pombos, que utiliza como metodologia o Teatro Debate[2], com vista a poder refletir sobre o tema: violência em ambiente escolar.
Este espetáculo, exatamente denominado «Macacos e Pombos», é constituído por um prólogo e seis situações de violência em ambiente escolar.

Assim assistimos a uma atividade composta por 3 partes. A 1ª consta da representação de 6 cenas/situações onde a violência está presente e que se apresentam da seguinte forma:


Cena 1: O teste
Tema: A chantagem 
João vê-se obrigado a dar a resposta do teste a Paulo. Como dizer não a uma chantagem que poderá transformar-se num ciclo vicioso?

Cena 2: O “corredor da morte”
Tema: Brincadeiras perigosas/Como pedir ajuda quando sou vítima?

Jogo ou violência física? Qual a fronteira?
Se João pedir ajuda a um adulto, perderá os seus amigos? Sofrerá represálias por parte do agressor?


 Cena 3: O jogo de espelhos
Tema: Roubo ou empréstimos forçados 
Quando testemunho uma situação de furto ou agressão, o que devo fazer?
João é vítima de um acto de violência por parte de Paulo, na presença de um colega que não se envolve. Será correta a atitude da testemunha?

Cena 4: A festa
Tema: A exclusão 
Luísa, para ser aceite pelo grupo, deve renunciar à amizade de João?
João, receoso de ser excluído do grupo, decide afastar-se. Será esta a melhor solução? 

Cena 5: Mensagens suaves
Tema: Ofensas, injúrias, ameaças 
Como resposta às agressões de Paulo, João responde com mensagens anónimas.
Telemóvel, Internet… meios criados para aproximar as pessoas, podem converter-se em instrumentos de violência com graves consequências. Como gerir esta nova realidade?

Cena 6: Quem é quem?
Tema: Agressão física 
Como pedir ajuda quando sei que sou culpado?
Paulo encontra-se numa situação muito complicada. Pedir ajuda implica reconhecer-se como culpado por erros anteriores. Conseguirá Paulo sair desta situação?
Será a agressão física a melhor resposta a um acto de violência, sim ou não?

Na 2ª parte os alunos são convidados a comentar as cenas e a opinarem sobre alternativas.

Por fim, na 3ª parte os alunos juntam-se aos atores interagindo com eles na modificação dos comportamentos, readaptando partes das cenas representadas.

 E porquê macacos e pombos? Macacos representam os agressores e pombos são as vítimas. No entanto as vítimas, num processo de transferência e de retaliação, podem (muitas vezes isso acontece), transformar-se em agressores se as situações por ele vividas enquanto vítimas, não forem denunciadas e trabalhadas com outras pessoas.
 
Esta atividade foi muito interessante no dizer da maioria dos alunos (cerca de 107) e dos professores que os acompanharam. Mais tarde apresentaremos em anexo algumas fotos que foram tiradas pela responsável pelo Centro de Recursos/Biblioteca Escolar, profª. Custódia Rebocho, bem como a avaliação.


[1] A USINA é uma organização nascida da experiência pessoal de um conjunto de técnicos da área da saúde, da educação e da comunicação cultural, que procuram tirar partido das sinergias resultantes da união de vivências a um tempo divergentes e convergentes, direcionadas todas para um trabalho comum inovador no domínio da promoção da saúde, seja ele no âmbito da sexualidade, no estudo e combate da relação patológica jovem – violência, do acompanhamento da fenomenologia psíquica da terceira idade. (…) [que] dispõe (por cedência de direitos da Companhia “Entrées de Jeu”) de um instrumento pedagógico praticamente inédito em Portugal.
[2] O Teatro–Debate ou Teatro–Forum é uma forma de teatro comunitário que tem por objectivo levar as pessoas a reflectirem sobre os problemas que enfrentam no seu dia-a-dia e sobre as possíveis formas de os resolver.  (…) o “Teatro-Debate” [é um método] que aborda de maneira envolvente, direta e responsável as delicadas situações da sexualidade e da sua educação, das implicações individuais e sociais no complexo processo das várias vivências e sua necessária reflexão, nos fenómenos de violência e bullying, no entendimento e explicação do desconforto íntimo na terceira idade, e outras temáticas que, consensualmente, mereçam intervenção. Num espectáculo de Teatro–Debate é feita a representação de uma peça que aborda problemas específicos; a uma primeira representação segue-se, de imediato, uma segunda, durante a qual é permitido ao público intervir e ensaiar, em palco, as suas propostas de alteração ao decorrer das cenas.

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