quarta-feira, 20 de junho de 2012

MEC vai premiar projetos educativos

Prémio de Escola arranca no próximo ano letivo e não haverá dinheiro em jogo. Comunidade educativa ainda não parou para pensar na nova distinção. As preocupações são outras no final das aulas.
"Trata-se de um prémio que pretende reconhecer quem contribui para aumentar a qualidade da educação. Vamos premiar boas práticas e o trabalho da comunidade escolar". Foi assim que o ministro da Educação, Nuno Crato, explicou qual a intenção de um novo prémio instituído pela tutela. O Prémio de Escola vai distinguir, todos os anos, os melhores projetos educativos e as melhores escolas do país do pré-escolar ao Ensino Secundário nas cinco áreas geográficas desenhadas no mapa educativo - Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve.
O Ministério da Educação e Ciência (MEC) não vai dar dinheiro vivo às escolas. Os melhores estabelecimentos de ensino receberão um apoio a nível dos recursos humanos de forma a colocarem em prática o projeto educativo planeado e reconhecido externamente. Um elemento de cada comunidade educativa vencedora receberá um diploma de louvor. Nuno Crato explica. "Iremos apoiar projetos científicos e culturais que consideremos relevantes. Esse apoio poderá ser feito ao nível da mobilização de professores, de material escolar ou, eventualmente, da realização de viagens". Não haverá dinheiro a circular.
O Prémio de Escola será anual e as candidaturas têm de ser apresentadas entre 1 de outubro e o último dia do primeiro período letivo de cada ano, numa página do site da Secretaria-Geral do MEC criada para o efeito. Os prémios da primeira edição serão entregues em maio do próximo ano. Guilherme de Oliveira Martins, presidente do Tribunal de Contas e ex-ministro da Educação, preside ao júri do prémio e já garantiu que iria ser exigente. "Iremos ser muito rigorosos porque falar de educação é falar do que há de mais importante", referiu. Segundo este responsável, a durabilidade dos projetos e a maneira como contribuem para a inserção na comunidade são dois dos critérios a ter em conta na hora da avaliação.
Com o final do ano letivo à vista, com as mudanças anunciadas na gestão escolar e com a programada fusão de escolas, a comunidade educativa ainda não teve tempo para refletir sobre a nova distinção do MEC. Há outras preocupações na cabeça. "É muito prematuro pronunciar-me sobre esse assunto", refere Maria Eugénia Pinheiro, diretora da Escola Secundária de Gafanha da Nazaré, lembrando que com a constituição de mega-agrupamentos em curso poderá haver necessidade de refazer os projetos educativos.
Joaquim Félix, diretor da Escola Secundária Gabriel Pereira, em Évora, também ainda não se sentou para analisar detalhadamente o futuro prémio e as condições em que tudo funcionará. "Um ano está a terminar, outro vai começar e andamos mais preocupados com a reorganização do ano letivo. As coisas caem em catadupa", comenta. Mesmo assim, pensa no que um prémio poderá significar. "Premiar os melhores projetos educativos é sempre uma coisa relativa". O que importa, na sua opinião, é perceber algumas questões, nomeadamente o que se espera de cada escola.
Cada projeto é um projecto e o seu impacto está intimamente ligado à comunidade onde tudo acontece. Para Joaquim Félix, seria importante a tutela dar um sinal do que pretende de cada escola, caso a caso, criando assim uma carta de missão para que se saiba, objetivamente, se o estabelecimento de ensino cumpriu ou não com o que era esperado. "O prémio seria uma consequência do que seria uma carta de missão de cada escola", refere. "Não trabalhamos atrás de uma cenoura. Faz-se muito trabalho invisível que, muitas vezes, não é valorizado", afirma.
Tal como os seus colegas, Esmeralda Pimenta, diretora da EB2,3 de Gondomar, também ainda não se concentrou no prémio que a tutela planeou, nem ainda consultou informação relativa ao assunto. Fá-lo-á mais tarde, quando a agitação do fim de aulas terminar. "Neste momento, há muita legislação a sair e temos de preparar o próximo ano letivo", justifica. De qualquer forma, para a responsável tudo o que exista para motivar os alunos é bem-vindo, mas também é preciso ter em consideração como as coisas são aplicadas na prática. "Não só o que está no papel é importante, também é preciso perceber de que forma as ações se realizam", observa. Um projeto educativo é fundamental, a forma como é concretizado também. "Tudo depende do que vão premiar", repara. Esmeralda Pimenta espera que o prémio funcione como um fator de motivação. E deixa alguns desejos. "Espero que não se entre em situações de rankings e que não tenha só a ver com os resultados."


Sara R. Oliveira | 2012-06-20 In Educare

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